Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a cada R$ 1 destinado ao saneamento básico, outros R$ 4 são poupados na área da saúde. Esse cálculo reforça a relação que existe entre o acesso aos sistemas sanitários e qualidade de vida, o que nos leva à seguinte reflexão: seriam os investimentos no acesso à água tratada, às redes de coleta e tratamento dos esgotos, e ao manejo adequado dos resíduos formas mais sustentáveis de se garantir o direito essencial à saúde da população?
Com a aprovação do novo marco regulatório do saneamento, o Brasil entra em caminho de avanços que extrapolam os benefícios à saúde pública. Representando futuro ainda mais próspero também para áreas como turismo, economia e educação, além de contribuir com a redução das desigualdades sociais que ainda persistem nas metrópoles e, principalmente, em municípios mais afastados dos grandes centros. A expectativa é a de que o Brasil receba mais de R$ 700 bilhões em investimentos privados destinados às obras, que permitirão que o País saia do deficit à universalização de acesso ao saneamento até 2033. Em paralelo, há a expectativa de abertura de milhares de vagas de trabalho, dos canteiros de obras à operação das estações de tratamento e redes.
A presença do plástico, amplamente utilizado em sistemas de água, esgoto e em projetos de construção civil e infraestrutura, é muito importante e justificada por sua alta performance, extensa vida útil, segurança na manutenção das propriedades da água tratada durante o transporte e resistência contra vazamentos, dada à eficiente soldagem entre tubos e conexões. Exemplo é o PVC, que chega a ter 60% de participação nas obras de adução de água tratada, podendo superar os 75% nas linhas de distribuição de água, bem como nas redes coletoras de esgoto.
Outra vantagem em se aplicar o plástico ao saneamento é a reciclabilidade do material. Passado seu período de utilização, ou em caso de troca das tubulações, essas resinas podem retornar à cadeia produtiva por meio da reciclagem, fechando o ciclo de consumo em linha com preceitos de fomento à economia circular, tornando-as as opções mais sustentáveis e seguras ao meio ambiente. Com esse passo, o Brasil demandará, de todas as partes envolvidas, dos governantes às concessionárias de saneamento, atuação mais voltada às pessoas, inovadora e ambientalmente responsável. Portanto, respondendo à questão inicial deste artigo, acreditamos que sim, investir na ampliação de acesso ao saneamento básico no Brasil seja uma das mais afortunadas estratégias para garantir o bem-estar de todos.
Almir Cotias é diretor do negócio de vinílicos da Braskem.
Fonte: Diário do Grande ABC