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MITO – Dioxinas são formadas na incineração do PVC

FATO – As dioxinas englobam um grupo de substâncias orgânicas cloradas com estruturas químicas semelhantes, conhecidas por causarem câncer, doenças de pele e danificar o sistema imunológico, entre outros efeitos nocivos. Essas substâncias se bioacumulam, são tóxicas em baixos níveis e não se degradam facilmente.

Elas são formadas como subprodutos não intencionais de processos industriais que contêm cloro, ou da queima de materiais com cloro. Assim, tanto atividades humanas quanto naturais contribuem para as emissões de dioxinas. Dentre as ações humanas: produção industrial, incineração de resíduos ou até mesmo queima de lenha. Dentre as atividades naturais: incêndios florestais, erupções de vulcões e outras atividades fora do domínio de ação humana.

Durante as décadas de 1980 e 1990, as dioxinas foram cada vez mais colocadas sob avaliações criteriosas. Os principais vilões foram as indústrias química e siderúrgica, além da incineração de resíduos da área médica e urbanos. Nessa época, o PVC foi apontado por alguns como o principal culpado pelas emissões principalmente porque como o PVC é rico em cloro, ele seria o principal emissor de dioxinas quando produzido e descartado. Além de totalmente equivocada, esse tipo de afirmação não tem base em qualquer estudo científico.

Desde que a emissão de dioxinas provenientes da produção industrial e da incineração de resíduos atingiu o pico na década de 1980, as autoridades e as indústrias mundiais adotaram medidas que levaram a diminuição drástica das emissões.

Com a aprovação de legislações para tornar a incineração de resíduos um processo adequado, grandes instalações com tecnologias obrigatórias para limpar gases de combustão e cinzas volantes substituíram instalações de incineração e aterros obsoletos em muitas partes do mundo.

Um estudo [1] conduzido nos Estados Unidos pela Associação Americana de Engenheiros Mecânicos (ASME) analisou 1900 testes realizados em 169 incineradores no mundo, todos de grande escala e de uso comercial.

Sendo o PVC uma das muitas fontes de cloro em resíduos a serem incinerados, mesmo colocando nenhuma, pouca ou muita quantidade de PVC (ou de cloro via outras fontes), não haverá aumento na emissão de dioxinas. O fato científico encontrado no estudo é que o que define a quantidade de dioxinas emitida em um processo de incineração são as condições operacionais dos incineradores (principalmente a temperatura), bem como o design do equipamento. A composição do lixo a ser incinerado – ou seja, se ele tem muita, pouca ou nenhuma quantidade de cloro, independentemente da origem – é deixada em segundo plano, mostrando-se irrelevante.

As atuais normas de construção de incineradores utilizaram o estudo da ASME e outros como base. Desta forma, os incineradores devem operar com determinados requisitos, exigidos pelas normas, que acabam por destruir as dioxinas. Entre eles: temperatura acima de 850ºC; tempo de residência acima de 2 segundos, o que garante que as possíveis dioxinas geradas sejam destruídas; deve haver turbulência nos gases gerados, o que garante a difusão de temperatura, ou seja, temperaturas homogêneas em todos os pontos; concentração de oxigênio, que depende da carga que entra no incinerador (balanço material) e resfriamento dos gases rapidamente, para que se evitem as zonas de reformação, ou seja, com resfriamento rápido as dioxinas não são formadas novamente.

Além disso, existem os outros tipos de controles, como a lavagem de gases etc., que garantem emissões (de outros gases) seguras ao meio ambiente e à saúde da população.

Conforme já mencionado é importante observar que as dioxinas não se formam somente devido a processos industriais, mas também por processos naturais, que não foram criados pelo homem, como incêndios florestais, erupções vulcânicas, entre outros. Embora existam processos industriais geradores de dioxinas, estes não são os principais emissores, conforme pode ser visto na figura abaixo.

De acordo com o gráfico do U.S. Environmental Protection Agency (EPA) é possível verificar que as fontes industriais respondem por 15% da emissão de dioxinas, sendo que nestes estão incluídos diversos processos e a fabricação de produtos químicos responde por apenas 1% do total. 

No Brasil, os resultados do Inventário Nacional de Fontes e Estimativa de Emissões de Dioxinas e Furanos [2], realizado pelo Ministério do Meio Ambiente, comprovam que o PVC não é protagonista em emissões de dioxinas. O relatório constatou que a contribuição da cadeia, no que tange a incineração de resíduos de serviço de saúde, que é a categoria onde o PVC pode ser associado, foi de apenas 3,4%. Lembrando que diversos resíduos além do PVC devem ser considerados.

[1] Relationship Between Chlorine in Waste Streams and Dioxin Emissions From Combustors of the ASME Research Committee on Industrial and Municipal Wastes, CRTD-Vol. 36, Prepared by H. Gregor Rigo Rigo & Rigo Associates, Inc. A. John Chandler A. J. Chandler & Associates, Ltd. W. Steven Lanier Energy & Environmental Research Corp. Reviewed and approved by ASME Research Committee on Industrial and Municipal Wastes. The American Society of Mechanical Engineers United Engineering Center 345 East 4th Street / New York, NY 10017.

[2] MMA. Inventário Nacional de fontes e esƟmaƟva de emissões de dioxinas e furanos: Brasil POPs: Plano Nacional de Implementação Convenção de Estocolmo. Brasília: MMA, 2013. 188 p.

MITO – PVC é difícil de ser reciclado

FATO – O PVC é 100% reciclável e, como qualquer termoplástico, pode ser facilmente reciclado. (clique aqui para ler mais sobre reciclagem do PVC). Os processos de fabricação de produtos de PVC reciclado são os mesmos utilizados para a fabricação de produtos feitos com matéria prima virgem.

A questão está nas condições dos resíduos que serão reciclados. Para que a reciclagem seja efetiva a coleta seletiva do PVC deve ser adequada, evitando contaminação do resíduo a ser reciclado assim como a mistura com diferentes tipos de plásticos. Essa não é uma característica específica do PVC, mas de todos os materiais recicláveis.

MITO – O PVC emite fumaça tóxica em incêndios

FATO – Em ambientes de incêndio, qualquer material inflamável que entre ignição e propague chamas, emite fumaça tóxica, podendo ser esta toxidade de maior ou menor grau. Porém, é necessário verificar o comportamento desses materiais em fases anteriores a essa emissão, no que diz respeito à ignição (facilidade ou dificuldade para o material pegar fogo) e propagação de chamas (potencial do material em sustentar a chama e espalhá-la para outras superfícies).

O PVC é muito resistente à ignição e, assim, tem a vantagem de dificultar que um incêndio se inicie. Se iniciado, o PVC contribui para que o fogo não se alastre rapidamente, pois a velocidade de propagação de sua chama é muito lenta, além de não se sustentar. A característica “antichamas” torna o PVC um dos mais utilizados em aplicações de elevado risco, como fios e cabos e forros de postos de gasolina, por exemplo.

MITO – Durante o processo de transformação, o PVC emite fumaça tóxica

FATO – A temperatura de processamento do PVC se dá entre 150 e 180ºC, variando de acordo com o tipo de PVC e com o processo de transformação, o que está bem abaixo do necessário para a decomposição do material. Para que haja liberação de gases durante o processo de transformação, são necessárias temperaturas de aproximadamente 250ºC, ou seja, deve haver degradação do PVC. As emissões verificadas no caso de não haver decomposição não serão prejudiciais aos operadores. 

Clique aqui para ler o relatório “Degradação Térmica do PVC”.