A economia brasileira encerra o ano com sinais, mesmo que ainda tímidos, de recuperação. Produção industrial, serviços, as vendas no varejo e o consumo puxam essa retomada. A indústria registrou alta no segundo semestre de 2017, depois de três seguidos de queda. Da mesma forma, serviços e varejo apresentaram meses consecutivos de crescimento.
Sem contar o agronegócio, que se manteve estável, mesmo no pior período da crise. Outros como a construção civil, o automotivo, linha branca e varejo em geral têm apontado sinais de recuperação ao longo do segundo semestre, o que abre oportunidades para as indústrias fornecedoras desses setores.
A cadeira produtiva do PVC, que é um dos materiais mais versáteis e, por esse motivo, presente em diversos segmentos da economia, está preparada para aproveitar as oportunidades que se apresentam nesse momento de retomada econômica.
Trata-se do plástico mais presente na construção civil e arquitetura, no saneamento básico e em obras de infraestrutura. É também usado na área médica e em aplicações do agronegócio, transportes, embalagens, etc.
O PVC vem ganhando espaço em novas aplicações, em função dos investimentos da cadeia produtiva em pesquisa e desenvolvimento, aliado a essa diversidade que o produto alcança. É um material que se destaca pela facilidade de formulação, o que permite modificar propriedades e características, atendendo assim cada necessidade que um produto feito em PVC se propõe a oferecer à sociedade.
Destacam-se características muito importantes, inerentes ao PVC, como por exemplo, sua baixa inflamabilidade, importante em aplicações ligadas à construção civil. Outras características podem ser conferidas ao produto por meio dos aditivos, como por exemplo, flexibilidade, resistência mecânica, cor, resistência a intempéries, dentre outras.
O desenvolvimento tecnológico no setor ocorre, não só no aprimoramento das resinas e dos aditivos, mas também na formulação, de forma que o PVC tem se apresentado de maneira sempre renovada em mercados que tradicionalmente já o utilizam, como tubos e conexões, mas também em mercados que utilizam tradicionalmente outras matérias primas, como um possível sucedâneo. Por exemplo, hoje, o PVC tem se destacado, por sua eficiência térmica e acústica, em esquadrias e telhas, além de ser utilizado como alternativa para a construção de casas através do sistema construtivo concreto-PVC.
Esse avanço aponta para o alinhamento das empresas brasileiras com as principais tendências mundiais em formulações, aditivos e equipamentos de produção de compostos de PVC. No setor de fios e cabos, por exemplo, há formulações que atendem não, só à construção civil, mas também ao setor automobilístico, infraestrutura, aeronáutica, naval etc. Na indústria calçadista, as formulações proporcionam cada vez mais conforto, leveza e resistência aos calçados. Produtos que necessitam de proteção superficial, como as telhas de PVC, têm suas formulações desenvolvidas para este fim. Enfim, o PVC se adequa às necessidades da aplicação do produto em questão, tudo isso com segurança ao consumidor e preservação ambiental.
É importante ressaltar que o PVC é um plástico e, dessa forma é 100% reciclável. A indústria de reciclagem do PVC vem se desenvolvendo e tem grande potencial de crescimento. Em dez anos de monitoramento, realizado pelo Instituto Brasileiro do PVC, verificou-se uma taxa de reciclagem de PVC pós-consumo média de aproximadamente 20%. A atividade poderia ser ainda mais forte com o desenvolvimento de sistemas de coleta seletiva de resíduos pós-consumo nas cidades brasileiras. O Brasil tem mais de 5.500 municípios dos quais apenas 18% apresentam algum tipo de sistema de coleta seletiva. É preciso mudar esse cenário para que a indústria de reciclagem tenha oportunidade de se desenvolver mais e mais.
Devemos destacar, ainda que cerca de 70% dos produtos de PVC são usados em aplicações de longa duração, com vida útil superior a 15 anos, como tubos e conexões, pisos, janelas, entre outras, muitos dos produtos ultrapassando os 50 anos de uso. Porém é um setor que se preocupa muito com a questão da reciclagem.
O Instituto Brasileiro do PVC, também atua de forma intensa para mostrar a reciclabilidade do PVC por meio de projetos focados em diversas áreas aonde se aplica o produto. Como exemplos do passado, estão os projetos de reciclagem na construção civil, quando, em parceria com a Método Engenharia, coletamos e reciclamos toda a sobra de PVC gerada na construção de um grande edifício, em São Paulo, e o projeto de reciclagem do PVC utilizado na área médica, realizado com o Hospital Carlos Chagas, em Guarulhos.
Atualmente, temos parceria no projeto de reciclagem de cartões de PVC, por meio do Programa RC Reciclagem de Cartões. A parceria desenvolvida com a RS de Paula promove a coleta de cartões de PVC por meio do Papa Cartão®, equipamento que tritura cartões (de débito, crédito, seguro-saúde, fidelidade, cartões-presentes, cartões telefônicos, bilhete único e outros em final de vida útil, mesmo que contenham chip e tarja magnética) e os encaminha para a reciclagem. Hoje, são mais de 70 locais de coleta em todo o Brasil e são coletados e reciclados aproximadamente 500.000 cartões de PVC por ano.
Com o material obtido são produzidos porta copos, placas de sinalização, caixas, marcadores de páginas, cartões de visitas, entre outros. Os Papa Cartão® podem ser encontrados em empresas, shoppings, estações do metrô, aeroportos, condomínios, feiras e eventos, parques, além de pontos na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O Instituto Brasileiro do PVC, em parceria o Ministério do Meio Ambiente e a Plastivida, mantém 12 pontos de coletas de cartões em 12 autarquias em Brasília, do próprio Ministério do Meio Ambiente ao Congresso Nacional.
Há um ano, o aeroporto do Arquipélago de Fernando de Noronha ganhou uma máquina Papa Cartão®, cujo objetivo é coletar os cartões de PVC que são utilizados para o acesso às praias da ilha. Estes cartões coletados são transformados em novos cartões, utilizados para estes acessos, fechando o ciclo (produção, uso, descarte e reciclagem). Este modelo deve ser expandido continuamente e o Instituto Brasileiro do PVC acabou de firmar uma parceria nos mesmos moldes, concretizando uma campanha de coleta e reciclagem de cartões no Jumpark Jundiaí, cuja proposta é ser o primeiro parque de entretenimento sustentável do país. Assim, os cartões de acesso ao parque já são feitos com PVC reciclado proveniente de coletas dentro do próprio parque ou de outras coletas feitas pelo Programa RC Reciclagem de Cartões. Os cartões de Fernando de Noronha e do Jumpark Jundiaí também possuem mensagens sobre a reciclabilidade dos plásticos, como deve ser feita a coleta seletiva e o descarte correto desses produtos.
Dessa forma, o ano de 2017, por mais difícil que tenha sido, abre caminhos para que a cadeia produtiva do PVC esteja cada vez mais presente no mercado, de maneira inovadora e competitiva, trazendo benefícios às pessoas e ao Planeta.
Miguel Bahiense é presidente do Instituto Brasileiro do PVC