O PVC é um plástico com viés sustentável por suas características, tanto de aplicabilidade, quanto de reciclabilidade. A cadeia produtiva do PVC sempre esteve atualizada com as tendências do mercado e possibilidades de promoção de melhorias contínuas nos processos de fabricação dos produtos de PVC para que, cada vez mais as soluções atendessem às exigências de eficiência e também de sustentabilidade.
Os estabilizantes térmicos são aditivos necessários em todas as formulações de PVC para prevenir sua decomposição pelo calor, durante o processamento, e proporcionar maior resistência térmica. Os estabilizantes térmicos à base de sais de chumbo (Pb) são comprovadamente seguros e aprovados, mas com a entendimento e consciência da problemática que envolve os sais de chumbo no caso da extração, por exemplo, em 2002, o Instituto Brasileiro do PVC liderou um movimento entre as indústrias do setor, que resultou no “Acordo Voluntário”, pioneiro no mundo.
O Acordo teve por objetivo a substituição de estabilizantes térmicos à base de sais de chumbo por Cálcio/Zinco (Ca/Zn) em tubos e conexões de PVC, maior mercado consumidor nacional de resina de PVC. Foram signatários desse acordo inédito, os fabricantes de resinas, os principais fabricantes de tubos de PVC e de estabilizantes térmicos do Brasil.
Essa substituição, nos tubos e conexões de PVC, contribuiu para o desenvolvimento de outros setores, como o de perfis e de forros, por exemplo. Naturalmente, é um movimento que teve um balizamento técnico e contribuiu para revisões de normas técnicas voltadas ao setor, que passaram, então, a considerar as restrições sobre o uso dos sais de chumbo.
Os sais de chumbo sempre foram utilizados com toda a segurança pela cadeia produtiva do PVC, mas por se tratar de metal pesado, alguns segmentos historicamente tiveram cuidado para que não fosse aplicado esse tipo de aditivo, como por exemplo, em produtos sensíveis, como aqueles voltados à área médica, ou produtos destinados às crianças, como brinquedos, material escolar e produtos para festas.
Outras aplicações do PVC, de grande volume inclusive, como de forros, portas, janelas, pisos, tubos e conexões, por exemplo, utilizavam esse tipo de aditivo, pela segurança no uso para o PVC. A questão da substituição se deu, na verdade, por questões que vão além do uso no PVC em si, ou seja, os possíveis impactos nas pessoas ou no meio ambiente em função da extração da matéria prima. Foi uma forma que o setor encontrou para contribuir com o desenvolvimento técnico e com o desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva.
Ao se antecipar a essas tendências, os fabricantes de estabilizantes puderam estabelecer os ajustes necessários em suas plantas para atender às novas demandas.
Depois da implementação de todo esse trabalho, o Instituto Brasileiro do PVC realizou pesquisas para checar os resultados desse movimento de substituição, iniciado em 2002 e que segue uma tendência global.
Na primeira pesquisa, realizada com base em dados de 2016, verificou-se que o consumo de estabilizantes com sais de chumbo representava 6,5% do total. Fazendo um comparativo com os resultados de um novo estudo, com base de dados de 2018, o consumo desse produto caiu para 2,6%.
Paulatinamente, onde existem as condições técnicas e econômicas para esse tipo de substituição, ela tende a acontecer em um cenário evolutivo do setor, embora reconheçamos que são aplicações nas quais esses tipos de aditivos que levam os sais de chumbo são seguras ao produto final.
Por Miguel Bahiense
Miguel Bahiense é graduado em Engª Química (UFRJ), pós-graduado em Comunicação Empresarial (FAAP/SP) e é presidente do Instituto Brasileiro do PVC