É com indignação que o Instituto Brasileiro do PVC (IBPVC), representante legítimo dos assuntos referentes a essa cadeia de valor no Brasil, toma conhecimento sobre o estudo publicado em abril na revista eBiomedicine, que faz referências alarmistas e inverídicas sobre os ftalatos, aditivos que podem ser usados no PVC.
Concordamos e apoiamos a publicação “Falácias sobre ftalatos: Repórteres promovem outro estudo antiquímico falho” realizada pelo THE VINYL INSTITUTE, entidade congênere ao IBPVC nos Estados Unidos, no qual menciona diversas falhas no estudo.
A conclusão do estudo de que a exposição ao DEHP está ligada à mortalidade por doenças cardiovasculares baseia-se em evidências fracas. No próprio estudo são mencionados fatos questionáveis como fato de que havia menos estudos disponíveis sobre ftalatos em regiões como a África, colocando em questão os valores estimados; na Europa, os pesquisadores só terem tido acesso a dados de certos países e que os estudos usados não consideravam grupos etários adultos; e o fato de que para os Estados Unidos, as estimativas se basearem em uma única fonte. E, de maneira irrestrita a todas as regiões, o estudo se baseia em outro estudo do mesmo grupo em que os modelos de correlação são estatisticamente insignificantes.
Não há base comprovatória de que o aumento das mortes por doenças cardiovasculares seja atribuído à exposição ao DEHP se o estudo não afirma a quantidade da substância química à qual essas populações diversas estão expostas. Essa limitação levou os próprios autores do estudo a admitirem que seus resultados podem não ser confiáveis.
“This burden model is the initial analysis of its kind as [sic] is subject to recalculation for reliability.”
Em linhas gerais, pesquisas que relacionam a exposição a substâncias químicas com o risco de doenças frequentemente esbarram na realidade de que condições de saúde, como as Doenças Cardiovasculares (DCV), têm múltiplas causas que podem se amplificar por fatores como tabagismo, falta de atividade física e outros.
Uma possibilidade, ignorada pelos autores do estudo, é que pacientes tratados para DCV enfrentam maior exposição ao DEHP devido ao tratamento, em vez de ser o DEHP o causador da doença cardiovascular. Este ftalato é usado de maneira segura em equipamentos médicos que salvam vidas, incluindo bolsas intravenosas, tubos, cateteres e bolsas de sangue. É razoável sugerir que as pessoas com DCV têm maior exposição ao DEHP devido à sua dependência desses dispositivos.
É importante deixar claro que os ftalatos são substâncias usadas há mais de 60 anos sem um único caso relatado de problemas de saúde. Pode se dizer que são alguns dos produtos químicos mais estudados no mundo. Esses estudos rigorosos de avaliação de riscos, realizados por órgãos científicos internacionalmente respeitados em diversos países, têm demonstrado a segurança dessas substâncias nos vários segmentos em que são utilizadas. Efeitos adversos devido ao uso dos ftalatos só são observados em estudos de laboratório e em cobaias (especificamente roedores), que têm metabolismos diferentes dos seres humanos e outros mamíferos. Mesmo assim, tais efeitos são notados em testes que expõem os roedores a níveis elevadíssimos de ftalatos, aos quais a população não é submetida de forma alguma. Portanto, a extrapolação desses estudos não pode ser aplicada a seres humanos, o que torna o uso dos ftalatos seguro.
No Brasil, existem regulamentações que versam sobre o uso de ftalatos em produtos. Por exemplo, a Portaria Nº 302, de 12 de julho de 2021, que regulamenta o segmento de brinquedos. Já a ABNT NBR 15236 estabelece os requisitos de segurança para artigos escolares e a certificação compulsória é obrigatória para a comercialização e importação desses produtos no Brasil, garantindo que eles atendam aos critérios de segurança e qualidade, sendo que ambas vetam a utilização de ftalatos nestes tipos de produtos. Já a RDC nº 326, de 3 de dezembro de 2019, que dispõe sobre Regulamento Técnico sobre Lista Positiva de Aditivos para Materiais Plásticos destinados à Elaboração de Embalagens e Equipamentos em Contato com Alimentos, define os limites seguros de utilização de ftalatos, dentre outras substâncias.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) regulamenta e aprova o uso do PVC + DEHP em bolsas de sangue através da RDC 35, de 12 de junho de 2014. Aliás, o sistema PVC + DEHP é o único que mantém o sangue por mais tempo em condições de uso.
A cadeia produtiva do PVC abrange empresas comprometidas com a inovação, pesquisa e desenvolvimento, assim como com a saúde e a sustentabilidade. São companhias que atuam com responsabilidade dentro das determinações dos mais rigorosos órgãos de saúde do mundo. Como representantes dessa cadeia produtiva, solicitamos espaço neste conceituado veículo para esclarecer ao leitor os mitos e fatos aqui expostos, considerando que a informação científica e de qualidade deve ser a prioridade do veículo de comunicação para com seu público.
Estamos à disposição.
Alexandre de Castro
Presidente