As empresas estão mais interessadas em soluções sustentáveis e econômicas. Com esse pensamento em mente, oito alunos da Escola Mario Amato, do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), de São Bernardo do Campo, criaram um produto inovador voltado para a indústria. É o reaproveitamento de resíduos descartados na laminação de vidros e incorporação em Policloreto de Vinila (PVC). A professora Ingrid Boscolo foi quem instruiu os alunos, que moeram materiais descartados, como o Polivinilbutiral (PVB), e os misturou com PVC para fazer uma blenda polimérica.
O produto foi apresentado como projeto-destaque em banca presencial na Mostra Inova, do SENAI, que ocorreu em julho de 2018, em Brasília. A Escola auxilia o projeto na parceria com uma empresa de médio porte da região, que revende o material reciclado. Ingrid acredita que a parceria com a empresa é uma troca de experiência necessária para a indústria.
“É a parceria do SENAI no sentido de usar toda a infraestrutura que a escola tem. Com o aluno essa questão do aprendizado, e também de trabalhar com essa problemática que é real. Então não é nada fictício, que a gente inventou. É uma necessidade do mercado”, comenta.
Resultados
A estudante Carolina Vieira, 19 anos, foi uma das que participou do processo de reaproveitamento dos resíduos e se formou no curso técnico de plásticos em junho de 2018. Atualmente, cursa Engenharia de Produção na universidade conta os resultados do projeto com o material descartado.
“Nós também conseguimos fazer chapas divisórias para fardos de refrigerantes. E para a fabricação de mangueiras foi utilizado PVC flexível, juntamente com o PVB. Mostrando que esse material não precisa ser descartado de forma incorreta. Claro que têm que ser feitos novos ensaios químicos, testes mecânicos. Assim, ocorrerá a descoberta de novos materiais e de novos produtos que podem ser feitos com esse material reduzindo a poluição ambiental”, diz.
Ela comemora o aprendizado ao longo do projeto. “Foi uma experiência incrível, que acrescentou mais conhecimento em relação aos profissionais do ramo dos plásticos e nos ajudou a identificar a diversidade de coisas que nós podemos fazer com esse material que é descartado e polui o meio ambiente, mas pode ser utilizado em diversas outras coisas e incorporado em outros materiais”, acrescenta.
O projeto concorreu com outras ideias na categoria processo inovador, em que são expostas novas máquinas ou equipamentos, suas adaptações e as melhorias de processos produtivos que proporcionam. Ao todo, o estado de São Paulo participou com oito projetos na etapa nacional do Mostra Inova 2018.
Acúmulo de lixo
O alerta ambiental está ligado em São Bernardo do Campo. Isso porque, o destino dos resíduos está com forte acúmulo. Em seis anos foram produzidas mais de 834 mil toneladas a mais por dia nas setes cidades da região do ABC Paulista. Em 2010, os municípios somavam quase 2 mil toneladas de resíduos domésticos. Em 2016: 2,8 mil. Tudo isso, tendo em vista o aumento populacional de 7,27%. Os dados são do Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Urbanos, divulgado anualmente pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).
Esse resíduo nada mais é que uma mistura macroscópica de dois ou mais tipos diferentes de polímeros, muito utilizados no para-brisa de carros. Na opinião de Ingrid, a indústria ganha economicamente com o produto.
“A ideia é tentar reaproveitar esse resíduo, que hoje é descartado pela indústria, e propor um novo uso. E aí qualquer produto que a gente usa PVC, a gente poderia colocar um pouco desse resíduo industrial que é o PVB (Polivinilbutiral). Hoje a sociedade usa muita coisa e acaba descartando. Sendo que muitos desses descartes podem ser reciclados em diversos outros produtos. É mais visando a diminuição do impacto ambiental. Imagina em torno de 120 toneladas por mês sendo descartada desse resíduo. Então é um descarte considerável”, explica.
Por Pedro Marra
Fonte: Agência do Rádio